terça-feira, 1 de setembro de 2009

Não faltava mais nada para acontecer


Marcelo Gotti

É notório que há muito tempo a imprensa interiorana vem sofrendo com a discriminação nas grandes capitais. Além disso, com pouco recurso financeiro, muitas delas acabaram extintas pela concorrência desleal e unilateral das poderosas e imponentes emissoras da elite paulista.
Mas chegamos agora ao cúmulo do absurdo. A própria Federação Paulista de Futebol (FPF), órgão que deveria prestigiar os profissionais do interior que acompanham os campeonatos e divulgam o produto da entidade estado de São Paulo afora, ceifou de alguns profissionais de imprensa do interior paulista o direito de exercer suas atividades no grande clássico do futebol brasileiro protagonizado por São Paulo e Palmeiras, no último domingo, dia 30, no estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro da série A.
Mesmo devidamente credenciados pela Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (ACEESP), alguns membros da imprensa interiorana foram humilhados pela Federação Paulista em relação a outros profissionais da capital. Uma atitude totalmente inaceitável, descabida, autoritária e repugnante.
Profissionais que percorreram quilômetros e quilômetros por horas na estrada a fim de levar a sua região, de forma digna e profissional, as emoções somente sentidas em uma transmissão de futebol por intermédio de ondas radiofônicas.
Eles ainda se esquecem que vários profissionais que ganharam projeção na imprensa nacional saíram do interior paulista. Entre dezenas de exemplos expressivos, cito dois considerados por mim, ícones.
Fiori Giglioti, que iniciou sua carreira em 1947 na Rádio Clube de Lins e na Rádio Cultura de Araçatuba, narrou partidas em mais de dez Copas do Mundo. Falar o que então de Fiori Giglioti? Pra mim insuperável.
Outro grande profissional é Osmar Santos, que nascido na cidade de Osvaldo Cruz, iniciou sua carreira na rádio daquele município em 1963, com 14 anos. Teve ainda destaque na rádio de Marília até ser contratado em 1972 pela Jovem Pan da capital. Osmar Santos foi por muito tempo um dos melhores narradores esportivos do Brasil.
Então, como um dos representantes da imprensa do interior paulista, cobrindo o Mogi Mirim Esporte Clube em competições oficias, tomei as dores sim, de meus colegas e senti nos ombros o peso do grande fardo da ditadura imposta em relação aos meus companheiros de profissão no último domingo. Foi o mais fino fel da censura de informação.
É inadmissível que vivendo em pleno século XXI ainda tenhamos atitudes desta natureza. Em um país democrático, todos têm o direito à livre expressão, expor suas opiniões e, por conseqüência, realizar seu trabalho profissional.
Repugno veementemente estas atitudes tomadas no último domingo. Não podemos tolerar a ditaduras e a censura de informação seja ela imposta por quem for.

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