sábado, 21 de agosto de 2010

Serrão: nunca mais acredito na palavra de alguém


Marcelo Gotti

Com a promessa de permanecer no comando técnico do Mogi Mirim pelo menos até o termino do Campeonato Paulista de 2011, o técnico José Carlos Serrão foi surpreendido na última segunda-feira, dia 16, com o anuncio de sua demissão.
“Meu erro foi acreditar apenas na palavra do ser humano. Hoje em dia não existe mais isso. Já passou. Existiu apenas na época do meu pai”, desabafou Serrão.
Magoado por ser dispensado sem antes ter uma conversa com o presidente do Mogi Mirim, Rivaldo, Serrão destacou que o principal culpado por sua demissão foi o vice-presidente do clube, Wilson Bonetti. “Para me contratar, o Rivaldo me ligou por diversas vezes e acertamos. Na hora da demissão nem falou comigo. Fiquei muito magoado por isso. Não sou moleque. Merecia um respeito maior”, alfinetou o treinador que concluiu: “O Bonetti teve 100% de culpa na minha demissão. Sei que é uma pessoa que não gosta de mim. Não sei por qual motivo. Mas por duas oportunidades ele não me queria como técnico do Mogi Mirim. Mas teve que me engolir na primeira vez quando o Rivaldo me contratou de madrugada, por telefone, para o Campeonato Paulista. Depois na renovação, quando me ofereceu um salário irrisório, fez de tudo para que eu não permanecesse, mas o Rivaldo novamente me ligou e acertamos. Se ele não gosta de mim, eu muito menos dele”.
Com relação ao planejamento para a disputa da Copa Paulista de 2010, Serrão disse que não existiu planejamento algum da diretoria por se tratar de uma competição deficitária. “Em relação aos atletas eles foram excepcionais comigo. Cada um tem o seu limite, cada um tem a sua condição. Alguns na minha visão têm condições de participar do grupo para o Paulista. Outros não têm esta condição. Até porque a condição salarial que foi priorizada pra gente foi muito baixa. Então seria um absurdo pensar em 12 ou 13 jogadores para o Paulistão. Dei oportunidades para os garotos do Sub-18, mas apenas o Léo e o Everton que aproveitaram. As demais opções eram as que vocês conheciam. Mas poderia sair dali alguns jogadores que fossem aproveitados no Paulista, mas isso foi bloqueado pela diretoria. Então o Mogi Mirim estava e esta sem planejamento nenhum para o campeonato”, destacou Serrão.
Com relação às categorias de base do clube, Serrão destaca que será muito difícil revelar algum atleta. “Da forma que estão sendo conduzidas as bases jamais serão revelados atletas. Não em relação aos técnicos. Mas em relação ao comando que vem de cima. Então muita coisa precisa ser esclarecida e falada para o presidente, para que o próprio Rivaldo tenha retorno financeiro de alguns jogadores no clube”, alertou Serrão.
Serrão encerra a entrevista concedida ao jornal A COMARCA com um desabafo. “Hoje em dia é muito difícil cumprir com a palavra, mas essas pessoas arrogantes têm fim melancólico. Falo do fundo do meu coração porque vivi, convivi e ajudei”.
Para explicar suas declarações, Serrão menciona um acidente aéreo ocorrido em São Paulo, no bairro do Jabaquara, onde várias pessoas, em torno de 100, foram vitimadas. Na ocasião, o treinador, por morar próximo ao local, ajudou várias pessoas.
Então o treinador termina. “Todas essas pessoas que andavam de gravata, terno, seus melhores carros, as melhores casas, de pasta de executivo. Todas essas pessoas eu vi sabe onde? No saquinho de lixo de uns 30 centimetros. Um saquinho preto que eu ajudei porque eu morava do lado da pista onde caiu o avião. Então a partir daí nós como ser humano não somos nada. Então você tem que valorizar o dia a dia e respeitar o ser humano. Então quero dizer que foi o momento mais triste da minha vida. Por isso eu dou valor ao ser humano, porque você não sabe o dia de amanhã. Hoje você anda de tudo que é perfeito e amanhã você esta no saquinho de lixo como um objeto, como um inseto, como um pó, que você assopra na palma de sua mão e não vale mais nada. Então pra que ser arrogante? Então eu continuo com minha humildade, mas nunca vou levar para minha casa desaforo. E nunca vou permitir que alguém faça alguma coisa que eu não fiz ou fale alguma coisa que eu não fiz e querer induzir em palavras as coisas que eu não falei. E a carapuça serve para quem quer usar”, finalizou Serrão muito magoado.

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